16/10/2012 - MMC - Movimento de Mulheres Camponesas
Ato em Brasília marca o lançamento do I Encontro de Mulheres Camponesas

Encontro reunirá 5 mil mulheres em Brasília para discutir violência e produção de alimentos saudáveis

“Na sociedade que a gente quer, basta de violência contra a mulher”. É com este lema que Brasília sediará, durante os dias 17 a 20 de novembro, o I Encontro Nacional de Mulheres Camponesas no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, organizado pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC).

Para marcar o lançamento do Encontro, um ato político-cultural foi realizado neste último dia 16 de outubro, no auditório da CUT-DF com a presença de movimentos sociais, deputados, partidos políticos, organizações não governamentais e setores ligados ao Governo Federal e Distrital.

“O I Encontro Nacional será uma festa das mulheres trabalhadoras deste País. Queremos avançar na construção de mundo mais justo, com a erradicação da violência contra as mulheres, promovendo a participação política em todos os espaços da sociedade”, disse Rosângela Piovizani, da coordenação nacional do MMC.

Presente no ato, Carmem Foro, da Contag e vice-presidente da CUT, saudou o Encontro e reiterou a unidade dos movimentos do campo, selada durante o Encontro Unitário realizado em agosto. “Nós realizamos a Marcha das Margaridas e o encontro do MMC vem fortalecer a luta das mulheres do campo”, disse.

Para o Deputado Federal Marcon (PT-RS), as mulheres assumem uma luta que é de todos. “A violência contra a mulher, a produção de alimentos, a luta por aposentadoria e a preservação do meio ambiente são pautas que as mulheres camponesas assumiram para si, mas temos que ter a compreensão que a dimensão e importância destas reivindicações alcançam toda a sociedade brasileira”, avaliou.

O I Encontro Nacional do MMC reunirá cerca de 5 mil mulheres camponesas vindas de 22 estados brasileiros.  Além disso, o Encontro terá a participação de dezenas de representantes de entidades nacionais e internacionais de apoio e que assumem a luta das mulheres. “Será um momento muito importante para todas nós, de troca de conhecimento, intercâmbio cultural, exposição produção, de artesanatos, danças típicas, culinária das regiões, entre outros”, completou Rosângela.

CUT-DF recebe abertura do I Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas

Quase 90% dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros vêm da produção de pequenos agricultores, protagonizada pelas mulheres. Mesmo assim, este público, além de isolado e com extrema dificuldade de ser reconhecido como cidadão, é o último que consegue acessar políticas públicas. Para construir uma sociedade de fato, com a participação plena das mulheres, com direito iguais entre os gêneros, as mulheres do campo se organizaram e fundaram o MMC Brasil – Movimento de Mulheres Camponesas que, nessa terça-feira (16), realizou, na CUT-DF, a abertura do I Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil.

O Encontro, que será realizado até o dia 20 de novembro, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, tem como uma das principais atividades a mostra de produção das mulheres camponesas, que trabalha dois eixos centrais. Um deles mostra que nas mãos das mulheres camponesas do Brasil ainda se mantém a diversidade de produção, com variedades de sementes, de animais. Por isso, o eixo também trabalha a importância da Reforma Agrária e do desenvolvimento do campo com políticas públicas de acesso ao crédito, à assistência técnica e a consolidação da inserção de políticas de compras da produção.

O outro eixo trabalha o papel da mulher camponesa que, diante da sociedade capitalista e patriarcal, tem produção invisível. “Nessa sociedade capitalista, o que vale é o que vai para o mercado. Nós queremos dizer que essa invisibilidade tem que acabar. O trabalho e a produção das mulheres têm que ser reconhecidos como trabalho e como renda. Por isso essa grande mostra de produção”, explica a coordenadora nacional do MMC, Rosângela Piovizani.

Outro ponto forte do I Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil é a discussão sobre o poder da agricultura com os princípios da agroecologia, da defesa ambiental e a abordagem sobre a saúde pública. Para finalizar o evento, será realizada uma marcha no dia 20 de outubro, que também pedirá o fim da violência doméstica. “Dia 25 de novembro é o Dia Mundial de Combate à Violência Doméstica. Na sociedade que a gente quer construir, essa violência é uma praga que nós temos que combater e exterminar da sociedade”, avalia Rosângela Piovianzi. A concentração para a marcha será às 7h30, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. De lá, as mulheres seguirão em caminhada até o Congresso Nacional, pela Esplanada dos Ministérios.

Uma sociedade libertária depende da participação das mulheres

Durante a abertura do I Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil, mulheres do campo, representantes do governo, dirigentes sindicais, membros mo MST e de outros movimentos sociais, feministas e outros atores da sociedade que lutam por direitos iguais entre os gêneros, relataram a importância da organização das mulheres, principalmente as que vivem no campo.

“As mulheres necessariamente têm que se organizar porque, assim, elas juntam forças para fazer o enfrentamento e a luta do dia a dia com contra o patriarcado, contra a sociedade machista e excludente. Então, somente com a organização das mulheres, elas conquistarão sua autonomia”, avalia a secretária de Mulheres da CUT-DF, Maria da Graça Sousa.

A coordenadora nacional do MMC também falou dos avanços do Movimento de Mulheres Camponesas que, para ela, tem como destaque o próprio avanço da organização do movimento de mulheres. “Hoje eu não sou aquela mulher agricultora que pensa para o seu dia a dia cozinhar e lavar roupa e tudo mais. Eu penso que, além disso, o meu papel é de uma dirigente no comando de uma organização para trabalhar a libertação das mulheres desse país”, relata.

O MMC

O Movimento de Mulheres Camponesas tem como missão a “libertação das mulheres trabalhadoras de qualquer opressão e discriminação”, onde as mulheres sejam protagonistas de sua história.

A consolidação do MMC foi realizada em março de 2004, com a realização do primeiro Congresso Nacional, que reuniu 1.400 mulheres. Dentre as principais pautas do Movimento estão a luta por políticas públicas mais justas para o campo; pela soberania alimentar; pela defesa, preservação e multiplicação da biodivesidade; pelo acesso à terra; pela geração de renda e autonomia das mulheres camponesas; por novas relações de gênero; pela valorização do trabalho desenvolvido pelas mulheres camponesas e contra todas as formas de violência.

Secretaria de Comunicação da CUT-DF