Vivemos em uma sociedade patriarcal, racista e capitalista, isso impõe ao nosso cotidiano, inúmeras violências que precisam ser enfrentadas de forma articulada, sem hierarquias e sem separações, foi para enfrentá-las e construir um mundo melhor que iniciamos o Movimento de Mulheres Camponesas.

Nossa missão, que é a libertação das mulheres trabalhadoras tem sido construída ao longo da nossa história de diversas formas, quando lutamos por políticas públicas, por democracia dentro e fora das nossas organizações, quando nos juntamos com outros movimentos para construir um projeto de agricultura agroecológica que tenha também o feminismo camponês popular como estratégia de transformação, quando realizamos formação para que todas as mulheres possam ser livres. Mas é quando lutamos por viver sem violência que muitas das imposições do patriarcado, racismo e do capitalismo aparecem mais forte.

A violência contra as mulheres se expressa de diversas formas: Violência Física (empurrões, bater, chutar, assassinatos, feminicídios, ações que machucam nosso corpo); a Violência Sexual (estupros, e usos do nosso corpo sem a nossa permissão); Violência Psicológica (Essa faz parte de todas as outras formas de violência, mas também aparece como humilhações, gritos, pressão, etc); Violência Patrimonial (quando se apropria de algum bem da mulher, como dinheiro e/ou objetos ) e Violência Moral (quando inventa mentiras sobre a vida da mulher, calúnias, difamação e injúrias).

NÃO SOMOS OBRIGADAS A PASSAR POR NENHUMA DELAS, DENUNCIE.

Sabemos que essas violências não são apenas atitudes individuais, nesse sentido o seu enfrentamento também precisa acontecer de forma coletiva. Se organizar em um movimento feminista é uma parte muito importante do enfrentamento a violência. Esse tema é luta constante do MMC, desde nosso surgimento foram elaborados materiais e realizadas formações e encontros que debatem esse tema muito forte na vida das mulheres.

Sabendo que a violência expressa na sociedade é uma realidade ainda grande também no rural e infelizmente também das organizações, nós enquanto mulheres de La Via Campesina nos organizamos para construir uma campanha internacional contra essa realidade, lançamos em 2008 a CAMPANHA BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES.

Essa é uma campanha permanente, sendo de responsabilidade de todas as organizações de La Via Campesina implementá-la. Não deve ser tarefa só das mulheres das organizações, mas sim uma tarefa coletiva, porém infelizmente ainda é majoritariamente tocada apenas por mulheres. Durante esse tempo tem sido feito cartilhas, debates, formações e lutas, seja enquanto Via Campesina, seja ações dos próprios movimentos.

Nós do MMC em 2013, como parte de um processo de vivência intensa da campanha nas nossas bases, construímos o 1º Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas, com o tema: Na sociedade que a gente quer, basta de violência contra a mulher. O encontro aconteceu em Brasília com a participação de mais de 5 mil camponesas do Brasil e com diversas convidadas nacionais e internacionais.

No MMC o combate a violência contra as mulheres tem se expressado também na luta contra a LGBTI+Fobia e contra o racismo. Nossa luta é por uma sociedade onde sejamos socialmente iguais e humanamente livres como dizia Rosa Luxemburgo.