06/08/2015 - MMC - Movimento de Mulheres Camponesas
O Movimento de Mulheres Camponesas participou do Simpósio Latino-Americano de Estudos Feministas em Ciência e Tecnologia

No início desta semana, dias 3 e 4, aconteceu na Unicamp da cidade de Limeira, estado de São Paulo, o Simpósio Latino-Americano de Estudos Feministas em Ciência e Tecnologia. O debate se deu com estudiosas sobre o tema, da Colômbia, Argentina e Brasil, e com dirigentes dos movimentos sociais.

Foi um encontro de troca de conhecimentos e experiências. Os “Estudos Feministas em Ciência e Tecnologia (EFCT), também conhecido como Estudos Feministas em Tecnociência ou Estudos em Ciência, Tecnologia e Gênero, emerge em meados da década de 70”, principalmente no âmbito acadêmico, com autoras preocupadas em analisar a complexidade de relações entre gênero, ciência e tecnologia, analisando os “impactos” sociais, ambientais e éticos das tecnologias.

Os temas trabalhados foram em torno da medicalização do corpo feminino; inclusão/exclusão nas instituições de pesquisa; questões ambientais e alimentares, modelos tecnológicos e feminismos; e relação entre feminismo, modelos de organização produtiva e tecnologias.

O Movimento de Mulheres Camponesas participou da mesa Gênero, Meio Ambiente e Soberania Alimentar, contribuindo a partir da experiência “o feminismo e a soberania alimentar”, as camponesas vem construindo novas relações entre os seres humanos e com o planeta. Isso se dá com a discussão e implementação do Projeto de agricultura camponesa, agroecológica e feminista, com a ressignificação dos cuidados, compreendendo que cuidar é uma necessidade humana e por isso precisa ser desenvolvido por todos os seres humanos e não apenas “obrigação de mulher”.

Também discutimos enquanto MMC, que o nosso trabalho enquanto mulher precisa ser valorizado e valorado, pois é a mulher que garante o sustento na maioria das famílias, os dados mostram que somos responsáveis por prover 80% dos alimentos, desde a produção até a preparação. Executamos diversas tarefas, além do cuidado da casa e do entorno da casa, trabalhamos no todo da Unidade de Produção, no entanto, nem sempre somos reconhecidas e respeitadas como trabalhadoras.

Nossa luta e organização vêm construindo uma nova forma de ver a natureza, a produção e as relações, e, com isso concebemos a agroecologia como um modo de vida, construindo relações de respeito e igualdade entre os seres humanos e com o planeta. Historicamente desenvolvemos técnicas para a continuidade da vida, somos responsáveis por recuperar e preservar as sementes crioulas, as plantas medicinais e o cuidado como um todo. Na atualidade questionamos e enfrentamos o modelo capitalista de produção a partir do agronegócio. Em contraponto, exigimos políticas públicas e tecnologias para a produção de alimentos saudáveis.

 

Catiane Cinelli

Direção Nacional – MMC