06/09/2019 - MMC - Movimento de Mulheres Camponesas
Nota de repúdio à Ordem de Despejo do Centro de Formação Paulo Freire/Assentamento Normandia – Caruaru/PE

“Não vou sair do campo, pra poder ir pra escola/ Educação do Campo é direito e não esmola” (Gilvan Santos).

Mais uma ação que demonstra intolerância foi executda pelo governo Bolsonaro. Mais um ataque à educação. Nós, do Movimento de Mulheres Camponesas, fomos surpreendidas com a notícia da Ordem de Despejo contra o Centro de Formação Paulo Freire-PE, um dos maiores centros de formação popular da Região Nordeste e de reconhecimento Nacional.

O governo Bolsonaro, representado nesse caso pelo INCRA, realiza mais um ataque de ódio ao campesinato e a educação libertadora, ataque contra aqueles que buscam melhores condições de vida para si e também para todas as pessoas. Esse ódio foi expresso na sentença de um juiz, quando autoriza o uso da força para a remoção dos bens móveis e animais de uma escola de formação popular, mandando prender coercitivamente pessoas cujo único interesse é a defesa de sua escola.

O Centro de Formação é uma conquista de toda a classe trabalhadora, em especial do Nordeste. É importante destacar o compromisso de classe, colocado não em palavras, mas em atos quando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) logo após a conquista da terra, repassando a casa sede e mais 14 hectares para criação desse espaço de formação e educação. O objetivo inicial de formar e capacitar os assentados e assentadas de Pernambuco logo se tornaria mais amplo, servindo como espaço de educação também para pessoas do campo e da cidade de todo Nordeste, sendo referência nacional no trabalho que desenvolve em alfabetização e agroecologia.

O ataque ao Centro de Formação Paulo Freire é um ataque contra a educação, é um ataque contra a Reforma Agrária que o INCRA tem como dever constitucional fazer. É importante destacarmos que se eles acham que estão atacando apenas o MST, estão enganados. O Centro de Formação Paulo Freire tem amplos serviços prestados a toda a classe trabalhadora, seja realizando o processo de alfabetização, seja com os cursos em parcerias com diversas universidades federais da região, cursos de agroecologia e produção de alimentos saudáveis, como também outras formações a partir de uma perspectiva popular.

Nós do MMC agradecemos a oportunidade de formar nossas militantes nesse espaço e vamos juntas com o MST e demais organizações sociais lutar para que esse despejo injusto e irracional não aconteça.

Como já diria a música que nos é epígrafe:

“Dessa história, nós somos os sujeitos/lutamos pela vida/pelo que é de direito”. Contra os fascistas que nos atacam, a solidariedade nos une e nos fortalece!