O Movimento de Mulheres Camponesas (MMC Brasil) lança, neste março de lutas de 2020, a Campanha Nacional SEMENTES DE RESISTÊNCIA: CAMPONESAS SEMEANDO ESPERANÇA, TECENDO TRANSFORMAÇÃO. A campanha brota das experiências de organização, estudos, luta e produção das mulheres camponesas do Brasil e vem na caminhada internacionalista da Via Campesina, dentro de um projeto popular das sementes como patrimônio dos povos a serviço da humanidade.
Organizadas em todas as regiões do país, as camponesas do MMC, no conjunto com a classe trabalhadora, estão nas ruas neste mês de março lançando a campanha, denunciando as violências deste governo e do capital internacional sobre nosso povo, mas também apontando caminhos para um projeto popular de agricultura camponesa agroecológica feminista e a construção do bem viver entre os seres humanos e com a natureza. Um projeto que não está a serviço do mercado, mas a serviço da vida de nosso povo trabalhador. Um projeto de combate à fome e à miséria que voltam a se alastrar no território brasileiro e mundial. Lutamos por um país que produza comida saudável e sem venenos para o acesso de toda a sociedade.
Contra o governo da morte
Em pouco mais de um ano do governo Bolsonaro, um governo destruidor dos direitos da classe trabalhadora, um governo que trouxe aumento do desemprego, o alto índice de violência, a destruição ambiental, uma reforma da Previdência que leva à condenação da classe trabalhadora mais pobre ao trabalho até a morte sem o direito à aposentadoria, cortes na saúde e na educação, as camponesas apontam que a fome e a miséria crescem e se movem em diversos espaços. A liberação de centenas de novos tipos de agrotóxicos por um governo que, na opinião do MMC, só propaga destruição, envenenamento de nossa população e morte, traz um cenário de calamidade histórica, política e social. E neste cenário, o Movimento de Mulheres Camponesas ergue ainda mais alta a bandeira de luta contra esse sistema, reafirmando a defesa da vida e a luta contra todas as formas de violência.
Engajadas no compromisso em defesa da vida, na solidariedade com as companheiras, no compartilhar saberes das ancestralidades, as camponesas carregam no espírito e na vida o DNA da luta em defesa das sementes, da agroecologia como modo de vida e de sociedade, da libertação das mulheres e da classe trabalhadora. As camponesas reafirmam a capacidade e a potência na produção de alimentos saudáveis, enfrentando a fome, preservando a biodiversidade e contribuindo na construção da soberania alimentar.
Mais sobre a campanha
Para as CAMPONESAS, a campanha representa um resgate daquilo que elas mesmas são enquanto mulheres, enquanto sementes na luta contra o sistema patriarcal, capitalista, racista, machista, lgbtfóbico e opressor da classe trabalhadora: “Somos sementes de resistência e na nossa organização semeamos esperança, tecemos transformação. Reafirmamos a nossa identidade de classe, o trabalho de base e a luta na construção do FEMINISMO CAMPONÊS POPULAR”.
Com quase quatro décadas de existência, organização, formação e lutas o MMC vem desenvolvendo o trabalho de resgate das SEMENTES CRIOULAS e agora, com a campanha, se desafia a multiplicar ainda mais variedades de sementes crioulas pelas mãos de mulheres das diferentes regiões do país. Um resgate que busca recuperar não apenas a planta em si, mas toda história que cada variedade possui, trazendo receitas, novas formas de preparo, informações sobre como cultivar, como cuidar e multiplicar. Conhecimentos que favorecem a resiliência dos cultivos às mudanças climáticas, contribuindo com a preservação da biodiversidade e com a soberania alimentar dos povos.
A campanha SEMENTES DE RESISTÊNCIA lançada nesta jornada do dia 8 de março de 2020é uma campanha permanente que vai dialogar com sociedade sobre a importância das sementes crioulas evidenciando a importância do trabalho histórico das mulheres na produção de alimentos saudáveis e diversificados. As camponesas seguirão nesta partilha de saberes entre elas, entre campo e cidade, com toda a classe trabalhadora, e na construção de seu II Encontro Nacional, que deve acontecer em 2021, quando mulheres que são sementes de resistência e transformação de todo o país vão se encontrar.