Nós, camponesas do Brasil, organizadas no Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), manifestamos nossa profunda preocupação com o resultado nefasto de passar por uma pandemia como a do coronavírus Covid-19 tendo no governo um IRRESPONSÁVEL que NÃO TEM RESPEITO PELA VIDA do povo trabalhador.
Em momentos assim fica mais evidente que a sociedade capitalista, que tem por meta o lucro para alguns, não é capaz de construir respostas que garantam ao povo segurança, saúde e bem estar. Acompanhamos diariamente a preocupação do governo Bolsonaro, dos mais ricos do país e de parte da mídia sobre como ficarão a economia e as empresas após a pandemia. Para nós, a preocupação central é garantir medidas que salvem a vida das pessoas e é nesse sentido que o Governo Federal e todos os Estados deveriam colocar seus esforços e atuar. Depois, junto com o povo, pensar formas de reorganizar a economia.
Compreendemos como importante que a população também faça sua parte e permaneça em isolamento, uma atitude de amor e solidariedade. Ficar em casa protege você, sua família e quem precisa trabalhar.
Neste momento, nossa luta histórica pela SEGURIDADE SOCIAL: Saúde, Previdência e Assistência Social permanece mais viva que nunca. São alicerces como a saúde pública universal e gratuita, a Previdência e a Assistência Social que permitirão sair desta crise com o mínimo de dignidade e menos perdas.
No campo, nas florestas e nas águas onde existe campesinato neste país, estamos buscando formas de continuar produzindo alimentos saudáveis que permitam ao rural e à cidade enfrentar a crise, combatendo a volta da fome que já está tão ampla no Brasil. Para isso, precisamos que o Estado crie políticas públicas para produzir e abastecer as cidades com alimentos saudáveis.
Nós, camponesas, que produzimos alimentos saudáveis e diversificados, sempre no cuidado com a natureza, e historicamente pautadas pelo direito à VIDA DIGNA de nosso povo, manifestamos nossa intensa preocupação com a população do interior do país, onde os hospitais e o sistema de saúde já apresentavam fragilidades devido à Emenda Constitucional da Morte, a Emenda 95, que congelou em 20 anos os investimentos em saúde, educação e assistência.
Somos camponesas, somos mulheres, e para nós mulheres o isolamento nem sempre é um lugar tranquilo, um lar harmonioso. A violência doméstica tem crescido muito com o isolamento e precisamos de políticas e ações que garantam nossa segurança física e psicológica. Muitas mulheres são mães sozinhas, não contam com outra pessoa, ou contavam apenas com as/os avós, para ficar com as crianças quando precisam sair do isolamento para ir ao mercado, à farmácia e mesmo as que precisam continuar em trabalhos essenciais neste momento. Se adoecermos, quem cuidará dos nossos filhos? Quem cuidará de nós?
Na cidade, muitas mulheres se não trabalham por um dia, não tem como alimentar suas crianças. Nos solidarizamos com todas/os as/os trabalhadoras/es domésticas/os, em sua maioria mulheres, e em contratos informais que com o exercício profissional colocam sua vida e de sua família em risco e sem trabalho se vêem abandonadas à própria sorte.
DENUNCIAMOS:
NÃO É MAIS POSSÍVEL SUPORTAR TANTO DESPREPARO E MALDADE. #FORABOLSONARO!
Só a organização e luta do povo, em especial das mulheres, nos permitirá sair dessa situação.
Vamos à luta por:
1. Medidas emergenciais:
2. Medidas que garantem nosso futuro:
a. Revogação da Emenda Constitucional 95, ampliar os investimentos com Saúde, Assistência e Previdência que, além de medida social, é também medida econômica de desenvolvimento em tempo de crise;
b. Volta da Política Nacional de Agroecologia e produção orgânica, com orçamento adequado para transformar o Brasil em um país agroecológico com Política de Segurança Alimentar e Nutricional;
c. Retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) em todas as suas modalidades e com recursos específicos para os povos e comunidades tradicionais e para as mulheres.
Somos mulheres camponesas, trabalhamos no nosso cotidiano a proposta de um mundo com ALIMENTO SAUDÁVEL e SAÚDE para todas as pessoas. No MMC assumimos a AGROECOLOGIA COMO CIÊNCIA, MODO DE VIDA E OUTRA FORMA DE ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE, pautada no bem viver das pessoas entre si e com a natureza!
Fortalecer a luta em defesa da vida, todos os dias!
MMC, 25 de março de 2020.