12/08/2021 - MMC - Movimento de Mulheres Camponesas
12 DE AGOSTO – DIA DE LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA NO CAMPO E DE HOMENAGEM A MARGARIDA ALVES

Neste dia 12 de agosto, nós mulheres camponesas organizadas no MMC denunciamos a violência perpetrada pelo capital através do agro-hidro-minério-negócio que persegue, ameaça e assassina os povos do campo, das florestas e das águas todos os anos. Nós que produzimos alimentos saudáveis e diversificados e que garantimos a comida na mesa da população temos que conviver com os conflitos decorrentes do enfrentamento à esse modelo de desenvolvimento perverso e violento, que contamina a natureza e os nossos corpos com a utilização de venenos em sua produção; com casos análogos ao trabalho escravo; com a invasão de nossos territórios que no atual governo se intensificaram, principalmente nas terras indígenas por povos por garimpeiros, madeireiros, pecuaristas e produtores de soja. 

 

A violência no campo é resultado da conflitualidade de dois projetos antagônicos: o do capital e o do campesinato em sua diversidade sociocultural. No entanto, somos nós, os povos do campo, das florestas e das águas que sofremos com as ofensivas desse modelo altamente destrutivo, que é capaz de tudo para se produzir para acumular mais riquezas em detrimento de nossas vidas e de nossos modos tradicionais de vivermos.

 

Os dados do Caderno de Conflitos no Campo de 2020 da Comissão pastoral da Terra – CPT, revelam que somente em 2020 foram registrados 1.576 ocorrências de conflitos por terra,  sendo “o maior número desde 1985, quando o relatório começou a ser publicado, 25% superior a 2019 e 57,6% a 2018” (CPT, 2021). Esses dados não podem ser analisados de forma isoladas, sem fazer relação com o que representa o atual presidente da república: o retrocesso de direitos sociais; o autoritarismo com traços fascistas; a impunidade dos que praticam crimes ambientais e contra os povos e a carta branca para que o Ministério do Meio Ambiente, o INCRA, a FUNAI, o ICMBIO, o INPE – e tantas outras instituições ligadas às políticas fundiárias e ambientais, sejam comandadas por pessoas que praticam políticas anti ambientais e de fortalecimento dos setores que representam ameaças aos povos. 

 

Enquanto mulheres camponesas, seguiremos na resistência  ativa a todas as formas de opressão, dominação e exploração de nossos territórios (corpo, terra, água) e não nos intimidaram diante desse governo e desse sistema criminoso. Seguindo os passos de Margarida Alves – Sindicalista assassinada pelo latifúndio na Paraíba – entoaremos sua voz, como ela nos inspirou com sua coragem, determinação e acima de tudo na defesa dos nossos direitos!