Por um Brasil sem machismo, racismo e fome!
Ao longo da história, nós, mulheres trabalhadoras, sempre estivemos na linha de frente das lutas populares por direitos e por melhores condições de vida. Carregamos o fardo de toda exploração capitalista, patriarcal e racista que nos oprime enquanto mulheres responsáveis pelas famílias, negras, indígenas, quilombolas, LBTs, jovens, idosas e com deficiência (PcDs), nos campos, nas águas, florestas e cidades.
Vivemos em um sistema político e econômico que utiliza da exploração da nossa força de trabalho e dos nossos corpos para se sustentar. Produzimos grande parte de toda riqueza do mundo. Somos fundamentais para a reprodução social, através do trabalho doméstico e de cuidados, bem como para aquele considerado produtivo. Ainda assim, somos 70% da população mais pobre do mundo.
Desde a histórica mobilização das mulheres revolucionárias russas em 8 de março de 1917, esta data se consolidou como o dia internacional de luta das mulheres trabalhadoras. Reivindicamos esta tradição de mobilização de mulheres contra a exploração e opressão capitalista e, desta maneira, nos colocaremos no enfrentamento a todas as formas de violência que vivemos hoje em nosso país.
O aprofundamento da crise econômica no Brasil e no mundo, somado à política da fome, do desemprego e da morte conduzida pelo governo Bolsonaro, tem tornado a vida do povo ainda mais difícil, atingindo, principalmente, as mulheres da classe trabalhadora. A taxa de desemprego entre as mulheres bateu recorde no ano passado chegando a 16,8%, sendo que, para as mulheres negras, essa taxa foi de 19,8%, segundo o Dieese. O número de mulheres desempregadas no nosso país já chega a 8,6 milhões. Quase 51 milhões de pessoas viveram abaixo da linha da pobreza nos últimos dois anos e mais de 10 milhões passam fome.
Antes mesmo de Bolsonaro assumir o poder, nós mulheres, já ocupávamos as ruas contra a tragédia que seu projeto representava para a vida do povo brasileiro. Em 2015, a Marcha das Margaridas já denunciava a ameaça do golpe burguês e misógino que a primeira presidenta mulher eleita no Brasil, Dilma Rousseff, viria a sofrer em 2016. O golpe foi e segue como uma ameaça à democracia e à vida das mulheres, contra o qual seguimos em luta. Naquele mesmo ano, a Marcha das Mulheres Negras contra a violência, racismo e pelo bem-viver, foi um momento fundamental do fortalecimento da nossa resistência.
Em 2018, o “Ele Não” foi uma expressão da nossa força e poder de mobilização. Com manifestações em todos os estados brasileiros, impedimos que Bolsonaro fosse eleito no primeiro turno. Apresentamos ao país uma oposição de massas e unificada, mobilizada pelas mulheres trabalhadoras e pela luta feminista nas ruas. Desde então, seguimos enfrentando o pior e mais nefasto governo deste país desde a redemocratização. A indignação do “Ele Não” esteve presente também no Tsunami da Educação, em todas as lutas contra as reformas neoliberais impostas por esse governo e na revolta antirracista que tomou as ruas do país. Não à toa que nós, mulheres, somos a maioria que bradamos por #ForaBolsonaro.
É por atuação do governo Bolsonaro que a crise econômica se agravou no país. A destruição de políticas de enfrentamento à pobreza aprofundou o quadro de fome entre as famílias, em especial nas casas chefiadas por mulheres negras. A nefasta política neoliberal adotada pelo presidente, seu ministro da economia Paulo Guedes, seus aliados, e apoiada por militares, garante lucros à burguesia brasileira enquanto agrava a crise humanitária enfrentada pela maior parte do povo trabalhador. Tais grupos aproveitaram a pandemia para tocar uma agenda de avanço do capital em detrimento de condições dignas de vida, com as contrarreformas, privatizações, perdão de dívidas de grandes empresas e incentivos milionários para bancos privados.
A carestia se alastrou pelas casas das famílias brasileiras. O preço dos alimentos, do gás, da água e da energia não param de subir e passamos a ver cada vez mais pessoas buscando comida no lixo e disputando ossos e carcaças nos açougues para alimentar suas famílias. A paralisação dos programas voltados para os povos do campo, das águas e das florestas é mais uma demonstração da parceria de Bolsonaro com o agronegócio, que agrava ainda mais o cenário da insegurança alimentar, destruição da natureza e entrega da nossa soberania.
Por isso, seguimos defendendo e fortalecendo a agroecologia como estratégia de resistência e luta!
Como denunciado na CPI da COVID, Bolsonaro, aliado a setores da burguesia brasileira, agiu intencionalmente para disseminar o Coronavírus ao negar evidências científicas, boicotar políticas de controle da pandemia, incentivar o uso de remédios ineficazes e atrasar a aquisição de vacinas, em uma clara política de extermínio. De forma criminosa, difundiu mentiras para atacar a vacinação infantil e negligenciou as políticas de atendimento às populações indígenas no enfrentamento e combate à COVID-19.
Mais de 630 mil brasileiras e brasileiros perderam suas vidas. O Brasil é o país com o maior número de mortes maternas causadas pela COVID-19. Fomos nós, as mulheres trabalhadoras e pobres, em especial mulheres negras, as mais afetadas pelo desemprego, sobrecarregadas por cuidar das crianças, das/os idosas/os e de quem adoecia. Fomos as primeiras a morrer. Quando morre uma mulher negra, que não teve o direito de se isolar para não perder o emprego, morremos todas nós!
A violência contra as mulheres e meninas se amplia a cada dia, pois o discurso de ódio de Bolsonaro se espalha e nos faz alvo preferencial dos machistas, racistas e LGBTQIA+fóbicos. Uma mulher é assassinada a cada duas horas em nosso país, sendo 66% destas mulheres negras. Também somos o país que mais mata mulheres trans e travestis no mundo e 6 mulheres lésbicas são estupradas por dia. A violência contra as mulheres com deficiência cresceu 67,9% durante a pandemia. A violência obstétrica ou seja, todos os tipos de violências que ocorrem no pré-natal, parto, pós-parto e aborto – atinge uma em cada quatro mulheres no nosso país; dessas, 65,9% são negras. Frente a tantas violências, bradamos: não somos números, somos vidas!
Neste cenário de precarização das nossas vidas, a ministra Damares Alves é uma agente da política misógina de Bolsonaro e todos os conservadores. Ela e seu Ministério trabalham para desmontar as políticas públicas para as mulheres, não aplicam o ínfimo orçamento destinado ao combate à violência, perseguem
vítimas de violência sexual que buscam interromper uma gestação, propagam discursos machistas e transfóbicos de revitimização de meninas e mulheres.
Num país com raízes tão profundamente racistas, o bolsonarismo encontrou terreno fértil para amplificar as políticas e o discurso de ódio. As brutais chacinas nas periferias e favelas das nossas cidades são parte do genocídio da população negra no nosso país, onde 75% dos homicídios são contra pretos e pardos. Por Kathlen Romeu, Moïse Kabagambe, Durval Filho e tantos outros vitimados por essa política assassina, as mulheres seguirão em luta contra o racismo e esse governo genocida.
O aprofundamento da misoginia, do racismo e da LGBTQIA+fobia em nosso país também se demonstra no aumento da violência política de gênero, que tem seu maior exemplo na execução da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco em 2018 – que completará 4 anos sem resposta sobre quem mandou matá-la. De lá para cá, temos visto parte da população mobilizada para fortalecer a luta das mulheres negras e ampliar sua representação na política institucional, mas também assistimos à intensificação da reação criminosa dos machistas, dos racistas e dos fascistas.
Por tudo isso, nós, mulheres, convocamos cada uma e cada um que se compromete com a luta contra o machismo, o combate à feminização da pobreza, ao racismo, à LGBTQIA+fobia e a todas as ações que agravam a situação das mulheres no Brasil, a ocupar as ruas no dia 8 de março. A luta pela derrubada de Bolsonaro do poder é uma luta necessariamente feminista, anti-imperialista, anticapitalista, democrática, antirracista e anti-LGBTQIA+fóbica. É uma luta em defesa da vida das mulheres, contra a fome, a carestia, a violência, pela saúde, pelos nossos direitos sexuais, direitos reprodutivos e pela justiça reprodutiva. É uma luta em defesa do SUS e dos serviços públicos, gratuitos e de qualidade. É uma luta com a maioria que tem sofrido com a fome, com a perda de seus entes queridos, com a violência e com o desemprego. Reafirmamos o feminismo como caminho para a auto-organização das mulheres, em aliança com os movimentos sociais, na resistência e construção de uma sociedade justa e igualitária. Somos milhões e de todos os cantos deste país! Nós nunca saímos das ruas contra Bolsonaro e nelas continuaremos em defesa das nossas vidas. Por isso gritamos: BOLSONARO NUNCA MAIS!
Chega de opressão e exploração!
Brasil, 14 de fevereiro de 2022.
Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais
Entidades e Organizações de Mulheres na Construção do 8 de Março e da Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais:
ABENFO – Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras
AMB – Articulação de Mulheres Brasileiras
ANDES Sn – Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior
CFCAM – Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
CMB – Confederação das Mulheres do Brasil
CMP – Central dos Movimentos Populares
Coalizão Negra por Direitos
Coletivo Juntas!
Coletivo Nacional de Mulheres da CUT – Central Única dos Trabalhadores
Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG -Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
CONAM – Confederação Nacional das Associações de Moradores
CONEM – Confederação Nacional de Entidades Negras
Consulta Popular
Consulta Popular – Um Passo à Frente
Diretoria de Mulheres da UBES – União Brasileira dos EstudantesSecundaristas
Diretoria de Mulheres da UNE – União Nacional dos Estudantes
Diretoria de Mulheres do MORHAN – Movimento de Reintegração das PessoasAtingidas pela Hanseníase
EIG – Evangélicas pela Igualdade de Gênero
FENATRAD – Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas
FIBRA – Frente Internacional Brasileira
FNA – Frente Nacional Antirracista
FNMNPT – Fórum de Mulheres Negras do PT
GT de Mulheres da ANA – Articulação Nacional de Agroecologia
LPJ – Levante Popular da Juventude
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
MMM – Marcha Mundial de Mulheres
Movimento de Mulheres Olga Benário
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
MST – Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra
MDT – Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos
MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
PROIFES – Federação de Sindicatos de Professores e Professoras deInstituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico, Técnico eTecnológico
Red Mulher e Habitat da América Latina e Caribe
Rede Antirracista Quilombola
Rede de Mulheres
Negras Evangélicas
RENFA – Rede Nacional de Feministas Antiproibicoinistas
Resistência Feminista
RFS – Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
Secretaria Nacional de Mulheres da CTB – Central de Trabalhadoras eTrabalhadores do Brasil
Secretaria Nacional de Mulheres do PCB – Partido Comunista Brasileiro
Secretaria Nacional de Mulheres do PCdoB – Partido Comunista do Brasil
Secretaria Nacional de Mulheres do PT – Partido dos Trabalhares
Setorial de Mulheres do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
Stop Bolsonaro Mundial
UBM – União Brasileira de Mulheres
UJS – União da Juventude Socialista
UNALGBT – União Nacional LGBT
UNEGRO – União de Negras e Negros por Igualdade
UNMP – União Nacional por Moradia Popular
UP – Unidade Popular pelo Socialismo
Levantamento do De Olho nos Ruralistas identificou organizações onde as mulheres aparecem já no próprio nome, no feminino
Por Nanci Pittelkow e Luma Prado
Desde 1981, mulheres do campo, das florestas e das águas criaram pelo menos 27 organizações especificamente femininas, com o gênero embutido no próprio nome. Entre elas estão o Movimento das Mulheres Camponesas, a Articulação das Mulheres Pescadoras, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coço Babaçu, as Raizeiras do Cerrado e o Movimento da Trabalhadora Rural do Nordeste.
Essas organizações “no feminino” reúnem camponesas dos mais diferentes perfis, de artesãs a pescadoras, e abrangência territorial. São movimentos, coletivos, associações e articulações locais, regionais e nacionais, ligados ao território e aos viveres tradicionais, e que incluem ações e discussões como agroecologia ou preservação ambiental. Em todos eles a questão da equidade de gênero está na pauta.
Esse levantamento inédito ainda não inclui os braços setoriais — de gênero — de outras organizações, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dos quais trataremos ao longo de uma série de reportagens. Apenas os movimentos que têm as mulheres no próprio nome. Confira a lista:
Se, nos anos 90, eles surgiram com um caráter mais amplo e abrangente, na linha de “rede de mulheres”, “grupo de trabalhadoras”, a partir dos anos 2000 eles se localizam e fortalecem atividades mais específicas, ligadas ao extrativismo ou `produção artesanal. É o caso de Sergipe, com os movimentos das marisqueiras e das catadoras de mangaba. “Algumas das mulheres fazem parte dos dois movimentos”, diz Alícia Santana Salvador, coordenadora do Movimento das Catadoras de Mangaba de Sergipe.
Entre as organizações mais conhecidas está o Movimento das Mulheres Camponesas (MMC, nascido entre o final dos anos 70 e início dos anos 80), ganhando visibilidade nacional por meio das lutas dos Movimentos de Mulheres Trabalhadoras Rurais MMTR, que foi fundado em 1995 e se fez presente em todas as regiões e em dezessete estados, sendo o MMC composto pela diversidade de mulheres do campo: reúne arrendatárias, meeiras, ribeirinhas, posseiras, boias-frias, extrativistas, pescadoras artesanais, sem-terra, assentadas, entre outras. Em comum, a luta pela propriedade da terra e o acesso aos bens naturais.
Outra organização mais conhecida é a das Quebradeiras de Coco Babaçu, que lançaram o movimento interestadual em 1991, partem da demanda pelo direito ao babaçu livre, uma planta aproveitada integralmente na casa e na subsistência, ao mesmo tempo que se combate a invasão do território. A luta das quebradeiras vem acontecendo de geração em geração, como este observatório já noticiou, e hoje reúne mais de 300 mil mulheres. O programa De Olho na História também já contou a história de uma de suas principais articuladoras, Dona Dijé.
Atuar com organizações em rede é um aspecto que deve ser fortalecido e, muito provavelmente, incorporado às formas de atuação de outros movimentos, conforme as líderes ouvidas pela reportagem. “Principalmente nesse contexto tão hostil em que vivemos hoje”, opina Vilênia Venâncio Porto Aguiar, assessora da secretaria de mulheres da Contag.
Os movimentos com nome e presença feminina também são tema da primeira edição de 2022 do De Olho na Resistência, programa semanal de notícias sobre os povos do campo.
Além do protagonismo de criação de organizações como essas, as mulheres ampliaram ao longo dos anos sua participação nos movimentos já existentes, assumindo lideranças e criando núcleos voltados para as demandas e questões das camponesas. Para Lucineia Durães, dirigente nacional do MST, as ações mais radicais atualmente são protagonizadas por mulheres.
A assessora da Secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Vilênia Venâncio Porto Aguiar, detalha certas características que distinguem a atuação das mulheres em seus meios, como a afinidade com a preservação, enquanto a lógica dos homens algumas vezes é mais monetária. “A mulher pega o quiabo que sobrou do quintal, coloca na sacola e vai vender na feira”, exemplifica. “Já para o homem, se a soja render mais, planta, coloca veneno e pronto”.
Ela lembra de uma conversa com uma mulher que hoje tem o maior banco de sementes da cidade dela, na região de Missões, no Sul do país. Eles tinham uma unidade diversificada, produziam um pouco de tudo. Quando os bancos prometeram crédito para incentivar a plantar soja, o marido resolveu aderir. “Ela pensou assim, ‘no meu pedaço ele não vai mexer. Se só tivermos soja, o que a gente vai comer?’”, conta Vilênia. A preocupação era com a fome dos filhos e a guarda das sementes era uma maneira de garantir a subsistência se a soja não desse certo. Vilênia, que também é pesquisadora, aponta: “As mulheres têm essa ligação com o cuidado com o todo”.
A história e ações de alguns desses movimentos serão contados pelo observatório ao longo dos próximos dias.
Duas líderes emblemáticas já foram retratadas na editoria e no programa De Olho na História: Elizabeth Teixeira, nascida em 1925, e Margarida Maria Alves (1933-1983). Elas marcaram a história da luta das mulheres no campo. Foi a partir dos anos 80, com a redemocratização, o novo impulso dos movimentos sindicais e sociais e a maior difusão das pautas feministas e de igualdade de gênero, que as mulheres passaram a conquistar mais espaços e se organizar para pautas específicas. Em termos de representatividade, a ampliação progressiva da participação política das mulheres no meio sindical resultou na aprovação, em 1998, da cota mínima de 30% de mulheres nos cargos de direção da Contag, o que depois foi estendido às federações e sindicatos. A paridade de gênero na organização foi aprovada em 2013.
Extrapolando o movimento sindical, a 1ª Marcha das Margaridas aconteceu em 2000, reunindo 20 mil mulheres do campo em Brasília. O encontro acontece a cada quatro anos, sempre no primeiro ano de cada governo, para apresentar suas demandas e acompanhar a atuação do Estado em relação aos temas apresentados. “Na última marcha, as mulheres se recusaram a negociar com o governo Bolsonaro”, conta Vilênia Aguiar. “As pautas da marcha de 2019 foram apresentadas somente para a sociedade, pois sabíamos que não seria possível dialogar com esse governo”. De Olho nos Ruralistas acompanhou as manifestações de 2019.
Vilênia é autora da tese “Somos todas margaridas – Um estudo sobre o processo de constituição das mulheres do campo e da floresta como sujeitos políticos”. Ela conta que os temas foram se ampliando ao longo das décadas, indo da representatividade a questões como desigualdade, violência sexista, desenvolvimento rural sustentável, saúde, educação, autonomia econômica, agroecologia, segurança alimentar, proteção dos bens comuns. Outra característica da marcha é cada grupo caminhar com suas indumentárias, cantos e cores, cultivando suas identidades diversas.
Segundo a pesquisadora, outras organizações de mulheres podem se formar em breve. Na Bahia, mulheres das comunidades de Fecho e Fundo de Pasto já se reúnem para discussões e formações políticas para enfrentar a escalada de agressões às comunidades tradicionais no estado, além de combater a violência de gênero e a discriminação. No norte de Minas Gerais, entre os coletores de flores sempre-vivas que participam da Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas (Codecex), as mulheres já se reúnem em três comunidades, a partir das necessidades de cada região.
|Nanci Pittelkow é jornalista.|
||Luma Prado é historiadora, roteirista e apresentadora do De Olho na Resistência.||
Imagem principal (De Olho nos Ruralistas/Reprodução): esta reportagem é destaque também do programa em vídeo De Olho na Resistência
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