Neste dia 08 de março de 2013, 400 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) ocuparam a Usina Maravilha, localizada no município de Condado, no norte do estado. Esta ação faz parte da jornada nacional de luta das mulheres do campo e da cidade.
A Usina Maravilha, pertencente ao Grupo Andrade Queiroz, mesmo grupo detentor da Usina Cruangi, possui mais de 20 engenhos de cana-de-açúcar e uma das maiores concentrações de terras do Estado. Sem operar desde a década de 1990, a usina cedia terras à Cruangi (cerca de 19 mil hectares) que administrava as duas propriedades.
Em maio de 2012 a Usina Cruangi entrou em crise e passou a não pagar funcionários e fornecedores. Em setembro a usina fechou definitivamente sua unidade industrial. 2500 trabalhadores foram demitidos sem indenização e com salários atrasados, o que gerou diversos protestos ao longo de 2012. Os débitos gerais da Cruangi somam aproximadamente R$ 35 milhões.
Ainda, as mulheres relatam que a Zona da Mata de Pernambuco ocupa o triste 10º lugar em violência contra a mulher em contexto rural. A violência contra a mulher é fruto do modelo patriarcal de sociedade, onde as relações pessoais afetivas estão fundamentadas no princípio da propriedade, do controle e do domínio sobre a mulher.
A Jornada Nacional acontece desde 2006 e congrega ações articuladas nacionalmente pelas mulheres dos movimentos do campo e da cidade. Ao longo desses anos, diversas ações foram protagonizadas pelas mulheres como forma de luta e resistência à opressão e à dominação que sofrem na esfera privada e pública pelo sistema machista e patriarcal. A Jornada aglutina as demandas das mulheres dos movimentos sociais através de ações conjuntas, que evidenciam as diversas formas de violência sofridas no cotidiano. Em 2013, o tema “Por vida e soberania alimentar, basta de violência contra a mulher” evidencia as diversas formas de violência contra as mulheres, como a violação dos direitos humanos, ausência de políticas para produção de alimentos saudáveis, ausência de uma política de moradia para o campo e para a cidade. A redução dessa violência, segundo as mulheres, passa pela produção de alimentos saudáveis, preservação das sementes crioulas, práticas agroecológicas sem agrotóxicos, a realização de uma reforma agrária e urbana que atenda aos interesses do povo brasileiro e mudanças estruturais nas relações entre as pessoas e destas com o meio ambiente.