Camponesas do Acre enfrentam crise na comercialização com criatividade - MMC - Movimento de Mulheres Camponesas

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Camponesas do Acre enfrentam crise na comercialização com criatividade

Usando inovação tecnológica, integrantes do MMC enfrentam cenário de crise política, sanitária e econômica

Em meio a falta de políticas públicas Federais com relação a assistência sanitária, financeira e de saúde, agravada pela postura irresponsável do presidente Jair Bolsonaro, expondo a classe trabalhadora e mais ainda a população do campo aos efeitos da pandemia do Covid-19, surge um alento no estado do Acre, onde o governo local e as organizações sociais estão somando forças.  

O Movimento de Mulheres Camponesas, por meio da luta de anos pela soberania alimentar, apresenta nesse momento de instabilidade social e econômica, uma conquista da organicidade do feminismo camponês e popular: a comercialização da agricultura por encomendas virtuais no município de Brujari. Através da iniciativa foram viabilizados instrumentos de vendas virtuais, que beneficiam a produção familiar e mais ainda a economia das mulheres. A articulação teve iniciativa do grupo de produtoras do MMC instaladas no projeto do Assentamento Walter Arce.

A camponesa Geovana Nascimento Castelo, explica que “com a ajuda da primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, foi bem mais fácil a implementação de uma plataforma virtual junto à Secretaria de Estado de Indústria e Tecnologia (Seict) com caráter emergencial para as vendas”.  A dirigente do Movimento explica que “as compras são feitas por encomendas virtuais durante a semana e as entregas acontecem as sextas feiras e sábados, o que evita a perda da produção e ao mesmo tempo garante renda e inclusão para as famílias camponesas, proporcionando para quem adquire esses alimentos, mais qualidade de vida e saúde”.

Para entrega da produção as camponesas contam com a colaboração da Secretaria de Produção e Agronegócio (Sepa), que disponibilizou ao projeto dois quadriciclos, que levam os alimentos do assentamento até a cidade, já que este é dos poucos transportes que consegue adentrar na região, devido às precárias condições das estradas que dão acesso ao assentamento.

Para as camponesas a venda pelo aplicativo de compras e grupo de WhatsApp é muito importante: “Além da comercialização, gera integração e desafia a novos aprendizados, como por exemplo fazer o marketing de vendas para a produção, aprender a trabalhar com a imagem, a tirar boas fotos, a valorizar a mercadoria a ser vendida”, explica a representante do Movimento.

A lista de produção é bem diversificada, indo desde hortaliças até carnes, passando pelas verduras e seus derivados, castanhas e plantas medicinais. “É um projeto que tem importância política e econômica, valorizando a vida e a produção das mulheres camponesas, que graças a luta vão transformando sonhos em realidade”, finaliza a dirigente Geovana Nascimento Castelo Branco.

 

Texto: Edcleide da Rocha Silva / Fotos: MMC-AC