Carta de Dionísio Cerqueira/SC
O Movimento de Mulheres Camponesas em Santa Catarina – MMC/SC realizou nos dias 30 e 31 de julho de 2014, a XII Assembleia Estadual. Reuniu aproximadamente 800 mulheres: dirigentes, lideranças, militantes, que discutiram o tema: “Projeto de Agricultura Camponesa e Feminista”, e o lema: “Construindo emancipação, agroecologia, autonomia, vida”. A assembleia foi um momento forte de animação e afirmação dos 31 anos de história, lutas e conquistas do Movimento Autônomo em Santa Catarina.
O debate constatou que as lutas das mulheres camponesas juntamente com as organizações e movimentos populares conquistaram direitos e políticas públicas importantes para o campo. Porem reafirmamos a necessidade de continuar a luta para avançar na implementação da agricultura camponesa agroecológica e feminista, baseada nas novas relações de gênero e com o ambiente. Esta luta se concretiza nas ações de:
- Recuperação da biodiversidade de sementes, plantas medicinais, árvores frutíferas, nativas;
- Preservação e recuperação de mananciais e fontes;
- No embelezamento dos nossos jardins e arredores de nossas residências;
- Cuidado dos pequenos animais;
- Na implementação de hortas e hortos;
- Na produção de alimentos saudáveis;
- Organização de diferentes formas de comercialização e renda;
- Vigilância sanitária educativa, orientativa, menos punitiva;
- Acesso a tecnologias facilitando a vida no campo seja no trabalho agrícola, doméstico acesso a informação e comunicação;
- Capacitação envolvendo planejamento, produção e comercialização para alimentação diversificada e saudável;
- Acesso a políticas públicas de credito para a agricultura camponesa agroecológica, recursos não retornáveis, seguro agrícola, política de preço justo para a produção saudável.
Estas ações expressam a resistência e o enfrentamento do modelo de agricultura capitalista com suas políticas de globalização e o agronegócio com as suas consequências.
A assembleia reafirmou a luta feminista. Para o MMC, ser feminista é lutar pela emancipação da mulher que se concretiza no direito de decidir, no acesso a documentação, fazer carteira de motorista, acesso ao credito, tomar juntas as decisões, coordenar e exercer lideranças, participar nos espaços de decisão da sociedade, valorizar e reconhecer seu trabalho, divisão das tarefas, no acesso a saúde, a educação. Ser feminista é assumir a luta por todas as formas de vida!
Para isso o caminho é:
- A organização das mulheres trabalhadoras nos grupos de base na roça e na cidade;
- Construir uma articulação com as mulheres trabalhadoras urbanas;
- Unificar a luta com a classe trabalhadora;
- Dar continuidade da formação das lideranças, militantes e dirigentes.
Neste sentido o processo da XII Assembleia afirma um plano para os próximos três anos, o qual orienta as ações do Movimento, sendo necessário para tanto uma Direção que assuma com responsabilidade, disposição e comprometimento o comando da nossa organização, construindo de forma coletiva uma pedagogia feminista de organização e luta pela autonomia e emancipação das mulheres, na transformação da Sociedade.
Mulheres Organizadas Construindo Emancipação,
Agroecologia, Autonomia e Vida!
Dionísio Cerqueira, SC, 30 e 31 de julho de 2014.