Por Edcleide da Rocha Silva
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Depois de seis anos estudando medicina na Venezuela, longe de suas casas, dos familiares e das amizades locais, as jovens camponesas do MMC estão a um passo de receber o diploma de Medicina. Começaram nessa semana a fazer as defesas de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.
“Estudar medicina me trouxe muitos desafios, como a adaptação a uma nova língua e a um novo país. A Venezuela passa por diversos processos de mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, bem como enfrenta os bloqueios econômicos constantes, processos que deixariam qualquer um que não conhece a realidade em estado de loucura”, conta Soraia Santana, a nova médica do povo.
Para a estudante de Medicina, completar esse processo formativo, com escassez de recursos, desde materiais didáticos a outros, não foi fácil. Mas, conforme explica, sempre se sentiu fortalecida com as tantas pessoas que mesmo com todas as dificuldades, semeiam esperança por uma medicina humana, trabalhando com dedicação e determinação de defender a vida.
“Foi a experiência mais incrível da minha vida”, conta a jovem, depois de vivenciar o cotidiano de um país como a Venezuela, que luta contidamente para seguir adiante e de conviver com a diversidade de pessoas que formam a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) que se concretiza no misto de vários países do mundo.
Segundo Soraia, que é do estado da Bahia, filha de camponesa e dirigente do MMC, “estudar medicina foi e é desafiante, pois é preciso se propor todos dias a seguir estudando”. Enfatizou que “esse sonho é um sonho que se concretiza por e com muitas mãos”.
Seus agradecimentos iniciam pela família, em especial à mãe, e se estendem aos movimentos – MMC, MST e La Vía Campesina -, que por meio da organicidade coletiva e do modelo bolivariano de uma Medicina popular concretiza um processo mais humano do cuidado com o outro. “Tenho certeza que a médica que estou me formando será mais humana por todo esse processo”, finaliza.