Nota de repúdio e indignação do Campo unitário ao Governo Federal - MMC - Movimento de Mulheres Camponesas

Notícia

Nota de repúdio e indignação do Campo unitário ao Governo Federal

Nós Movimentos e Organizações  do campo, águas e florestas integrantes do Campo Unitário manifestamos nossa insatisfação com a postura   do Governo Federal no tratamento  à    nossa  pauta  e  aos  nosso  processo  de  mobilização  durante reunião realizada nos dias 05 e 06 de outubro, em Brasília-DF.
 
Esse tratamento reafirma o caráter  ilegítimo e anti democrático deste governo e deixa em evidencia que  políticas conquistadas com muita luta nos últimos anos  sofrem risco de extinção.
 
O objetivo desta reunião era obter resposta  do governo federal à pauta entregue em audiência realizada no ultimo  05 de setembro, fruto  de nossa  Jornada Nacional  de lutas que mobilizou cerca de  30 mil militantes em 14 estados do país em torno da luta pela terra, que teve como marco a ocupação do ministério do planejamento. Na ocasião a pauta foi  apresentada aos ministros Eliseu Padilha da Casa Civil,  Dyogo Henrique de Oliveira do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e Bruno Áraujo da Cidades, e Gedel Viera Lima da Secretaria de Governo da Presidência, além do Presidente do INCRA e o Secretário da SEDA .
 
Durante   audiência do dia 5 de setembro   foram firmados compromissos com a manutenção dos valores orçamentários em igual ou superiores de 2016 para 2017, para reforma agrária e agricultura familiar e camponesa; contratação dos projetos de habitação rural já apresentados e manutenção do programa em 2017; a  demarcação de terras indígenas e quilombolas; atuar para o efetivo desbloqueio dos  cadastros de assentados atingidos pelo acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) e para   resolução das dívidas provenientes da seca.
 
No entanto  nenhum destes compromissos se efetivaram, foram ignorados em reuniões e nos processos seguintes, como se explicita a baixo:
 
  • Na Proposta de Lei de Orçamento Anual (PLOA) encaminhada ao Congresso houve uma  redução drástica dos valores previstos para áreas fundamentais da política agrária, tais como a obtenção  de terras, PRONERA, ATES, e programas de agroindústrialização, PAA, PNAE dentre outras.
  • O ministro das Cidades, garantiu a  efetivação de 35 mil unidades habitacionais rurais em 2016 . No entanto  dia seguinte,  em reunião    afirmou que tal contratação não era possível por falta de recursos.
  • O governo comprometeu-se em atuar para desbloquear as 575 mil famílias listadas, em sua maioria, erroneamente como irregulares pelo TCU. No entanto ocorreu  o desbloqueio parcial e provisório, sem nenhuma garantia de solução efetiva para tais casos.
  • Sobre as dívidas provenientes da seca que atingem as regiões norte e nordeste e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, as medidas adotadas pelo governo federal não solucionam o grave problema do endividamento. O modelo de repactuação ofertado impede que as famílias acessem a novos créditos nos próximos anos, além de  que a MP 733/2016, que trata de pagamento de dívidas, não cobre todas as áreas afetadas.
  • O  governo    também  afirmou  que  seriam  emitidos  decretos  para  todas  as  terras indígenas e quilombolas que apenas dependiam disto para sua titulação. Até o momento nenhum decreto foi assinado.
 
A reunião realizada em 5 e 6 de outubro onde deveriam   ser apresentadas respostas concretas  às  reivindicações defendidas em setembro,  quem indicassem o  cumprimento dos compromissos   já  firmados, mais  uma  vez    não  se  concretizou.   Além  disso  a ausência  do ministro Padilha,  demonstra o desinteresse do governo federal com os povos e à pauta agrária.
 
Afirmamos que toda a nossa indignação com esse cenário de  descaso, de instabilidade e desvalorização da política agrária pelo governo federal, será convertida em luta pela defesa e   efetivação de nossos direitos. Não permitiremos que políticas públicas que trouxeram dignidade aos povos do campo, das águas e florestas sejam excluídas, diminuídas ou  inviabilizadas.
 
Brasília, 06 de outubro de 2016.
 
Por nenhum direito há menos seguiremos mobilizados e resistindo!
 
 
 
Assinam:
APIB- Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
CIMI- Conselho Indigenista Missionário
CPT- Comissão Pastoral da Terra
CONAQ- Coordenação Nacional dos Quilombolas
CONTAG- Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
CONTRAF BRASIL –  Confederação  Nacional  dos  Trabalhadores  e Trabalhadoras  na Agricultura Familiar do Brasil
FEAB- Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil
MAB- Movimento dos Atingidos por Barragens
MAM- Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente a Mineração
MCP- Movimento Camponês  Popular
MMC- Movimento das Mulheres Camponesas
MPP – Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais
MPA- Movimento dos Pequenos Agricultores
MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra