Saberes tradicionais e ciência caminhando de mãos dadas na agroecologia - MMC - Movimento de Mulheres Camponesas

Notícia

Saberes tradicionais e ciência caminhando de mãos dadas na agroecologia

Conheça um pouco mais sobre nossa luta pela soberania alimentar e dicas de controle biológico de formigas cortadeiras com a companheira Ana Claudia Rauber, do Paraná

Nós do Movimento de Mulheres Camponesas continuamos com nossa luta em defesa da vida e levantando a bandeira da agroecologia como modelo de organização social e política alimentária.

E como afirma nossa companheira Ana Claudia, moradora do município de Canta Galo, no Paraná: “Nesse momento de pandemia e crise que podemos evidenciar a importância da agricultura camponesa, familiar, agroecológica e feminista. Que busca a autonomia das mulheres a partir da produção de alimentos diversificados e saudáveis, para o auto-sustento e para a geração de renda”.

O MMC vem, ao longo de suas quase quatro décadas de existência, lutando contra as opressões do sistema de produção capitalista, com suas vastas formas de manipulação que refletem tanto na super exploração dos biomas e dos ecossistemas da mãe terra como da vida das mulheres. E contra este sistema reafirmamos a agroecologia como modelo de produção e de defesa da vida.

Para Ana Claudia Rauber, que é camponesa, bióloga, agroecóloga e Mestra em Desenvolvimento Rural com ênfase em Agroecologia pela UFFS -Campus Laranjeiras do Sul, no Paraná: “Essa produção (agroecológica), que em sua grande maioria é realizada a partir dos insumos locais – adubação orgânica, adubação verde, defensivos naturais – que são obtidos através das plantas medicinais e principalmente das sementes crioulas é uma produção de vida”.

– E nesse sentindo o Movimento de Mulheres Camponesas está com a Campanha Nacional Sementes de Resistência: Camponesas Semeando Esperança, Tecendo Transformação. Uma campanha que busca resgatar, multiplicar e compartilhar variedades de sementes crioulas, além de dialogar com a sociedade sobre as sementes crioulas para a produção de alimentos saudáveis e para a promoção de soberania e segurança alimentar – afirma a companheira Ana.

Ainda para a camponesa/agroecóloga, pensar os cuidados com a plantação é também pensar os cuidados com as sementes e com os manejos técnicos agroecológicos. Assim a mesma nos dá uma dica muito importante do controle biológico das formigas cortadeiras.

Segundo a Mestra em Desenvolvimento Rural, um dos grandes problemas que se enfrenta na produção agroecológica é o combate às formigas cortadeiras, que atacam as plantas e algumas vezes acabam até matando-as. Para encarar essas pequeninas de corte afiado, existem várias formas de se fazer o controle: uma delas é a semeação de gergelim no meio da plantação.

Ana Claudia explica que as formigas são atraídas pelas folhagens do gergelim e, assim como fazem com as plantações, elas atacam a espécie e as levam para seu ninho. Porém as formigas cortadeiras não se alimentam das folhas e sim de fungos que são formados pelas folhas em seu ninho no formigueiro. Em um vídeo que nos compartilha é possível ver as folhas do gergelim totalmente cortadas. “As formigas não se alimentam das folhas e sim de fungos, as folhas do gergelim produzem uma substância que ataca seus fungos, destruindo seu ninho e diminuindo sua população”, explica a camponesa e também dirigente do MMC.

Outra forma de combater as formigas cortadeiras, que Ana Claudia compartilha, foi o uso de cinzas de fogo a lenha. “Você deve encontrar o formigueiro e adicionar as cinzas em cima do ninho delas”, explica.

Para finalizar, a companheira lembra que essas foram apenas duas formas de controle das formigas cortadeiras e que existem inúmeras outras formas naturais. No entanto, precisamos nos manter atentas e atentos aos olhares ao meio ambiente como um todo, tentando entender porque as formigas ou outros insetos estão se propagando naquele espaço. Devemos procurar saber e entender que a natureza busca diversas formas de nos alertar e os desequilíbrios são sinais.

Ana Rauber finaliza falando: “Em meu caso, sinto falta de matéria orgânica no solo. E por isso estou trabalhando muito com as “adubadeiras”, plantas de cobertura verde”.  Com essa experiência agroecológica compartilhada pela companheira Ana Claudia Rauber, o MMC reafirma: Fortalecer a luta em defesa da VIDA, todos os dias!

 

Texto: Edcleide da Rocha Silva
Revisão: Adriane Canan
Foto: Ana Claudia Rauber