No Brasil, mais de 100 cursos com a denominação ‘Realidade Brasileira’ acontecem e reúnem militantes de movimentos, organizações populares e pastorais sociais. Prioritariamente está o ideal de formação de quadros para a militância da esquerda no país.
No Brasil, mais de 100 cursos com a denominação ‘Realidade Brasileira’ acontecem e reúnem militantes de movimentos, organizações populares e pastorais sociais. Prioritariamente está o ideal de formação de quadros para a militância da esquerda no país.
A sede da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) de Chapecó/SC, foi ocupada na sexta-feira, dia 13, por militantes representando mais de dez organizações, movimentos populares e pastorais sociais, para dar início a quarta turma do Curso denominado historicamente como ‘Realidade Brasileira’. A UFFS, parceira neste projeto, mostra que está cumprindo com a sua tarefa, já que, é um espaço coletivo por ter sido construída prioritariamente a partir da luta das organizações e pastorais sociais.
O Curso Realidade Brasileira é pensado segundo o militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), e membro da Coordenação Política Pedagógica do curso (CPP), Tairi Zambenedetti, com o ideal de fortalecer as alianças entre os movimentos/pastorais sociais, com base no estudo sobre a realidade brasileira, suas nuances e necessidades de transformação. Zambenedetti que também contribuiu com a coordenação do ato de abertura do curso na sexta-feira, deixa claro que o ‘Realidade Brasileira’ tem intencionalidade política e militante de reelaboração da prática da revolução brasileira.
Com a preocupação de manter a linha política e ideológica original, Nauro José Velho que historicamente vem acompanhando o curso, afirma que é preciso estabelecer um rumo para a quarta turma do Realidade Brasileira, bem como foi feito no ano de 1997, com a primeira realização deste curso a nível nacional, ainda quando a Consulta Popular era criada e ajudou nesta construção. Segundo Nauro, atualmente no Brasil, são mais de 100 cursos CRB’s acontecendo, um deles agora, no Extremo-oeste Catarinense.
A Militante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), que no ato de abertura do curso falou em nome da Via Campesina, Letícia Pereira, ressaltou ainda a necessidade de fazer com que a quarta turma do curso CRB seja efetivamente construída a partir do ideal revolucionário, inclusive, que o curso segundo ela, eleve a discussão em defesa da expansão da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) e seus cursos, luta que acontece e que confronta diretamente interesses de partidos políticos da região.
O Vice-reitor da UFFS, Antonio Andrioli, salienta ainda que este curso assume o desafio de fazer com que a Educação no Campo seja de fato efetivada dentro do espaço da universidade, que encontra-se presa ainda aos parâmetros e vícios de uma academia tradicional. Segundo ele, a UFFS não é uma ilha, encontra-se em disputas internas e necessita, conforme ele, provocar para este enfrentamento.
Especialização
Prioritariamente, as organizações defendem o compromisso militante de estudar a realidade brasileira para transformá-la. Somado a isso, o Curso Realidade Brasileira será implementado no currículo acadêmico dos educandos como pós-graduação, isto é, parte dos militantes que já concluíram o curso superior somarão o CRB como curso de pós- graduação em Educação no Campo com Ênfase no Estudo da Realidade Brasileira, enquanto a outra parte dos militantes o farão como extensão.
Compromisso com a luta
O Realidade Brasileira traz em seu contexto os mais de 515 anos em que a realidade dos povos da classe trabalhadora brasileira é ferida pelas negociatas do capital estrangeiro e os sócios criados a partir de ‘acordos’. Na primeira aula que aconteceu no sábado, dia 14, o assessor Jorge Moreno, colocou que assim também, a dizimação dos povos ocorreu e segue sendo deturpada em consequência de uma sociedade Capitalista que sintetiza a vida a partir do lucro. Compreender esse contexto e assumir a tarefa revolucionária de transformação necessita sobretudo, segundo ele, de conhecimento histórico sobre o território que se quer mudar.
E assim, se dá início a quarta turma do curso de Extensão e Pós-graduação em Educação no Campo com Ênfase no Estudo da Realidade Brasileira, construído pelos movimentos populares, pastorais sociais e organizações populares em parceria com a UFFS. A compreensão que se tem neste curso, é de que a rua é o grande espaço de enfrentamento, mas para se chegar a ela, conhecer a realidade que se vive é fundamental. O Curso Realidade Brasileira tem como tarefa formar quadros para a militância, fazendo entender o porquê a luta se faz.
Texto: Claudia Weinman
Jornalista, Militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular- PJMP e da Pastoral da Juventude Rural- PJR
Fotos: Coletivo PJR/PJMP